sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Movimento Salve Arie JK: Unidos por Vitórias e Novos Desafios

No dia 30 de outubro de 2025 ocorreu mais uma reunião do Movimento Salve Arie JK. Foi um momento reflexão e planejamento dos próximos passos na luta pela preservação ambiental na região.

Confira os principais pontos discutidos:

1. Uma Vitória para Celebrar: A Derrota da Termoelétrica

A reunião começou com um balanço da grande vitória do movimento e de seus parceiros: a não instalação da termoelétrica. Todos reconheceram que essa foi uma conquista expressiva, que mostrou a força da mobilização popular.

No entanto, também houve um consenso de que o movimento poderia ter capitalizado mais esse sucesso. Para corrigir isso e celebrar adequadamente com a comunidade, foram definidas as seguintes ações:

· Comemoração Pública na EC Guariroba: Uma festa está sendo organizada para celebrar essa vitória. Foi montada uma comissão para articular o evento com a direção da escola e a Regional de Ensino.


2. Foco na Recuperação: As Ações para a Lagoinha

A proteção da Lagoinha, localizada na cidade do Sol Nascente, segue como uma prioridade. Para garantir a preservação desta área, foram definidas as seguintes frentes de atuação:

· Solicitação de Cercamento: Será formalmente solicitado o cercamento da área para protegê-la de invasões e degradação.

· Audiência com o Instituto Chico Mendes. Igor Gonçalves ficou responsável por articular uma reunião com este órgão a fim de tratar diretamente das demandas pela preservação da Lagoinha.

· Plano de Recuperação: Será desenvolvido um plano de plantio para recuperar a vegetação nativa da área.

· Conscientização: Uma campanha para a instalação de placas educativas e de identificação será colocada em prática, visando informar e conscientizar a população sobre a importância do local.


3. Plantando o Futuro: Novas Atividades Verdes

O movimento também está de olho no futuro, planejando ações contínuas de revitalização.

· Plantio de Árvores: Uma parceria com o Projeto "Tempo de Plantar" será articulada para realizar atividades de plantio.

· Logística e Planejamento: Será preparado um cronograma, verificada a disponibilidade de equipamentos e organizados os materiais necessários.

· O Movimento entrará em contato com a Administração de Ceilândia e a Novacap para viabilizar as ações de plantio.


quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Comemoração dos 30 anos de fundação do Nescuba/Ceam/UnB

No 24 de outubro de 2025, foi comemorado os 30 anos do NesCuba (Núcleo de Estudos Cubanos/Ceam/UnB)  Foi uma solenidade com muita alegria e rodeada de companheiras e companheiros solidários a Cuba. Presentes estudantes, professores e professoras da UnB, assim como representantes de organizações sociais e políticas do DF, companheiros e companheiras que participam deste nosso trabalho coletivo.

Após as palavras iniciais de uma das fundadoras do Nescuba, Maria Auxiliadora César, sobre o processo histórico de criação do Nescuba, fizeram parte da mesa de abertura do evento, o Exmo. Embaixador de Cuba no Brasil, Sr. Adolfo Curbelo Castellanos, a Magnífica Reitora da Universidade de Brasília, Sra. Rozana Reigota Naves, o Sr. Fernando Scardua, e o Sr. Rafael Vilas Boas, respectivamente da direção do Ceam e do Nescuba, diretores e diretoras  das organizações representativas dos segmentos de professores, técnico administrativos e estudantes da UnB – ADUnB, SintFub e DCE, representantes de organizações sindicais e políticas do DF. 



Após as saudações, assistimos ao excelente espetáculo teatral Aurora, inspirado no livro A revolução de Anita, que trata da importância fundamental da educação para as pessoas, visando a transformação do mundo, e da Campanha Nacional de Alfabetização de 1961 em Cuba, quando foi erradicado o analfabetismo, o que emocionou os participantes. Após o espetáculo, foram servidos, na praça Chico Mendes, o típico pão com leitão cubano, mojitos e cantamos os parabéns ao Nescuba, soprando, todos, as velas dos seus trinta anos de trabalho ininterrupto em defesa da Revolução Cubana. A Embaixada de Cuba no Brasil, também representada por sua conselheira política Idalmis Brooks e por Bernaldo Rodríguez, do Consulado, ofereceu livros e almanaques de Cuba para distribuição aos participantes. O grupo de dança Corazón Salsero convidou os presentes a dançar, ao som da boa música cubana. 


O Núcleo de Estudos Cubanos

O Nescuba, é necessário recordar, tem suas raízes históricas alicerçadas no início dos anos 1980, período do processo de redemocratização do país, após duas décadas de ditadura militar, quando um grupo de militantes em Brasília começou a realizar atividades de apoio à Revolução Cubana e desse processo resultou, em 1986, ano da retomada das relações diplomáticas entre Brasil e Cuba, a criação da Associação Cultural Brasil-Cuba e, em seguida, do CDR Internacionalista. Hoje existem diferentes organizações em Brasília que compõem o Movimento Brasileiro de Solidariedade a Cuba, apoiado pelo ICAP, cuja história está escrita na publicação "Movimento Brasileiro de Solidariedade a Cuba. Uma história de luta e paixão pela nossa América", datada de 2017, que será atualizada em breve.   

Alguns desses militantes, no final dos anos 1980, ingressaram como professores da Universidade de Brasília e, no âmbito da UnB, propuseram a criação do Nescuba – Núcleo de Estudos Cubanos, um dos núcleos temáticos (NT'S) do CEAM – Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, oficializado pela Lei da Reitoria da Universidade de Brasília n° 1959, novembro de 1995, ocasião na qual recebeu do Partido Comunista de Cuba, as valiosas Obras Completas de José Martí. 

Assim, neste ano de 2025, comemoramos seus 30 anos de trabalho ininterrupto, com programas socioculturais e políticos, no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília e em outros campi da UnB, já anunciando atividades em comemoração ao centenário do Comandante Fidel Castro no próximo ano de 2026.   

Nesses 30 anos, o Nescuba esteve presente nas ações de desenvolvimento de importantes atividades do Ceam em diferentes momentos, participando de comissões de trabalho, como as de publicações; de organização de seminários sobre Política e Planejamento Estratégico; da organização de ações relacionadas às comemorações de seu 30º aniversário de criação, em 2016, contribuindo para a elaboração de um documento impresso e do vídeo Memorias do Ceam; da organização interna dos Núcleos em eixos temáticos, bem como da Comissão para a elaboração do seu atual Regulamento Interno e sua Política Institucional, aprovados pelo Conselho Universitário em 7 de dezembro de 2018.

 Desde o início de sua criação, o Nescuba fomentou diferentes pesquisas e ofereceu cursos sobre a realidade cubana para estudantes de graduação e para o público externo à UnB como programas de extensão, além de organizar e/ou participar de atos políticos, eventos, conferências, junto a instituições, organizações e partidos políticos, em solidariedade a Cuba, no Brasil e na Ilha.  

Nos anos 2000, o Nescuba participou, juntamente com a Embaixada de Cuba no Brasil, da seleção de estudantes brasileiros para os cursos de medicina da Escola Latino-Americana de Medicina - ELAM, com bolsas oferecidas pelo governo cubano. 



Além disso, realiza intercâmbios de professores entre universidades cubanas e a UnB, e atividades de articulação com organizações cubanas para facilitar os estudos e pesquisas em diferentes áreas do conhecimento para estudantes, especialmente os da pós-graduação, e firma Memorandos de Entendimento entre a UnB e universidades e/ou instituições cubanas.

Desempenhou o Nescuba papel importante, com outras organizações, nas lutas históricas durante este processo revolucionário cubano, como na ocasião do sequestro de Elián González; na prisão de cinco cubanos injustamente acusados de terroristas, hoje heróis da República de Cuba. E também na denúncia incessante do criminoso e genocida bloqueio comercial, econômico e financeiro a Cuba e sua extraterritorialidade, e de sua inserção, reiteradamente, na lista de países supostamente promotores do terrorismo, quando Cuba, no seu processo histórico revolucionário, tem demonstrado, suas ações solidárias pelo mundo, como por ocasião da Covid 19, com o envio de brigadas médicas que salvaram vidas em inúmeros países, assim como suas atuações em defesa de causas justas, como no caso da Palestina, cuja população sofre um genocídio promovido por Israel.

Seguindo seus principais objetivos acadêmicos, de divulgar a realidade cubana no contexto da América Latina e fortalecer os laços de amizade e solidariedade entre Cuba e Brasil, o Nescuba tem realizado atividades de ensino, pesquisa e extensão, expressas em seus relatórios anuais.

O Núcleo conta com um grupo de professores da UnB e voluntários, que colaboram com o conteúdo da disciplina “Processo socio histórico cubano e contexto atual”, oferecida a cada semestre, desde 2007. Diferentes coordenadores assumem a direção do Nescuba a cada dois anos e têm aferido sua contribuição para o desenvolvimento das atividades. 

Como publicações, encontram-se os Cadernos do Ceam e, além dos livros publicados por seus membros, títulos relacionados ao Herói Nacional da República de Cuba, José Martí, como a tradução do seu ensaio emblemático Nossa América (2011) - segunda edição em processo, e uma seleção, compilação e tradução de textos sobre o Partido Revolucionário Cubano (2024), ambos bilíngues e publicados pela Editora Universidade de Brasília. A biblioteca do Nescuba possui mais de 800 títulos, selecionados por assunto, para favorecer leituras e pesquisas de estudantes e do público externo à Universidade.

Tem promovido intercâmbios de profissionais em diferentes áreas do conhecimento e de estudantes, cubanos e brasileiros, como parte do grande Projeto de Pesquisa Memória e História da Educação de Jovens, Adultos e Idosos – Pegadas de Paulo Freire, uma das ações propostas quando da celebração do Centenário do nascimento de Paulo Freire, realizada na UnB. Este Projeto possui 4 (quatro) objetivos articulados, desde o mapeamento, organização e disponibilização da produção freireana em uma rede de pesquisadores, instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão, até a formação permanente de pessoas e coletivos que atuam em diversos movimentos sociais, produzindo práticas emancipatórias de produção de conhecimento. Inclui a troca de experiências entre Brasil e Cuba, com ênfase nas aproximações dos pensamentos libertários de José Martí e Paulo Freire, já na terceira edição neste ano de 2025.  A fase final do Projeto consiste na construção, em Planaltina/DF (FUP/UnB) do Memorial Paulo Freire, cujo projeto arquitetônico está concluído, e abrigará a Cátedra José Martí, criada em 2023, também na FUP/UnB. O projeto de extensão Conhecimento e Participação Coletiva, com o apoio do Decanato de Extensão da UnB, faz parte destas ações. 

Em agosto de 2025, foi comemorado em Havana o 15º aniversário de um projeto vinculado ao Decanato de Extensão/UnB, o “Rincão do Brasil em Cuba. Memorial Hélio Dutra”, auspiciado pelo Instituto Cubano de Amizade entre os Povos – ICAP

Adaptado de Nota_30_anos_Nescuba_para_site_Nescuba[2].docx - Documentos Google

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Mopocem realiza sua reunião mensal

No último sábado, dia 25 de outubro de 2024, o Polo de Extensão/Núcleo de Prática Jurídica de Ceilândia foi palco de uma produtiva reunião do Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (MOPOCEM). O encontro, que ocorreu das 14h30 às 17h, foi coordenado por Gilberto Ribeiro do Nascimento e contou com a relatoria de Magnólia Pereira de Moura.

A pauta do dia incluiu informes, a exibição de um curta-metragem e a definição de importantes encaminhamentos para a comunidade.

Principais Informes e Debates

A reunião começou com uma série de atualizações sobre projetos e questões em andamento:

· Gestão do Parque do Setor O: Gilberto informou que a Administração Regional de Ceilândia respondeu à solicitação do MOPOCEM sobre o conselho gestor do parque, inaugurado em abril de 2025, nomeando o Guarda Jânio como gestor. No entanto, Ivanete destacou um ponto crucial de discordância: a nomeação de um gestor único fere a proposta original de um Conselho Tripartite, que deveria incluir representantes da Administração, do Setor Empresarial e da Sociedade Civil.

· Iluminação Natalina: Foi confirmado que o MOPOCEM protocolará novamente, junto à Administração, a solicitação para a instalação da iluminação natalina nos principais cruzamentos de Ceilândia para as festas de 2026.

· Eventos na Comunidade: Ivanete compartilhou dois eventos importantes:

  · Encontro de Mulheres do MAB: Marcado para 01 de novembro de 2025, no Escritório Popular do Deputado Reginaldo Veras (QNL 30, próximo ao posto de gasolina da Avenida Hélio Prates).

  · Ação de Reflorestamento: No primeiro domingo de dezembro, será realizado o plantio de 500 mudas de árvores em Ceilândia, seguindo um decreto do GDF.

Após os informes e apresentação dos participantes, o evento seguiu com uma atividade de reflexão.

 Apresentação do Curta-Metragem e Debate

Foi exibido o documentário “Quem viu o Sol Nascer?”, um curta-metragem de 20 minutos produzido como trabalho de conclusão de curso por Júlia e Daniela (Ciências Ambientais) e Lucas (Audiovisual), todos estudantes da Universidade de Brasília (UnB).

A apresentação do filme gerou um debate rico e necessário, onde os participantes discutiram temas urgentes, como:

· Racismo ambiental

· Especulação imobiliária

· Grilagem de terras

· Destruição do meio ambiente

· Crise climática

 

Encaminhamentos Definidos

Para concretizar as discussões, o MOPOCEM definiu as seguintes ações prioritárias:

1. Protocolizar oficialmente na Administração de Ceilândia a solicitação da iluminação natalina para 2026.

2. Pesquisar a viabilidade de criar refúgios ambientais nos becos de Ceilândia, aproveitando áreas onde já existem plantios de árvores e plantas medicinais.

3. Consultar o Ministério Público para verificar a situação e a legalidade do modelo de gestão atual do Parque do Setor O, buscando garantir a formação do Conselho Tripartite originalmente proposto.

 A reunião reforçou o compromisso do MOPOCEM em atuar de forma organizada e propositiva pelos direitos da comunidade e por uma Ceilândia mais justa e sustentável.

 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Cepafre se destaca no 3º Prêmio Paulo Freire de Educação

Na noite do dia 21 de outubro de 2025, no Auditório Pedro Calmon, no Setor Militar Urbano ocorreu a solenidade do 3º Prêmio Paulo Freire de Educação. Foi um evento repleto de emoção e celebração. Promovido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e pelo mandato do deputado Gabriel Magno, o prêmio destacou iniciativas que transformam vidas por meio da educação.



E foi em meio a essa celebração que vivemos um daqueles momentos que enchem o coração de orgulho. Entre mais de 600 projetos inscritos, o CEPAFRE – Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia foi homenageado com o Troféu Destaque, recebendo também a Medalha e a Moção de Louvor. A honraria veio pelo projeto “Linguagem do Cinema na Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos”.

Mais do que um troféu, esse reconhecimento simboliza uma trajetória de luta e compromisso inabalável com a educação popular. É a validação de um trabalho que acredita no poder da educação como ferramenta de liberdade e transformação.

Gostaríamos de agradecer ao deputado Gabriel Magno por enxergar e valorizar essa caminhada coletiva, reafirmando a fundamental importância da Educação Popular e da alfabetização de Jovens e Adultos para a construção de um país mais justo.

E, acima de tudo, nosso agradecimento mais sincero à equipe do CEPAFRE. Aos alfabetizadores(as), educadores(as) populares, coordenação, associados(as), voluntários(as) e colaboradores(as): é o trabalho diário, a dedicação e o comprometimento de cada um de vocês que fazem a educação popular acontecer.


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Entrega de Certificados da Turmas de Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos do Cepafre

No último sábado, dia 18 de outubro de 2025, o Cepafre realizou a emocionante entrega de certificados para as turmas de Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos. Esse momento especial foi o resultado de uma parceria entre nossa entidade, a ArtCei Produções Artísticas e Culturais e a Casa de Cultura Telar.

Com a formação de educadores feita em cooperação com a Faculdade de Educação e o Decanato de Extensão da UnB (Universidade de Brasília), o Cepafre conseguiu finalizar com chave de ouro seus projetos de 2025:

· Círculos de Cultura: Cine Popular na Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos;

· Linguagem do Cinema na Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos.



Uma Conquista Coletiva

Mais do que simples projetos, essas iniciativas foram fruto de um trabalho em equipe incansável. O sucesso só foi possível graças à dedicação diária dos alfabetizadores, dos associados, da diretoria e da coordenação do Cepafre.

Também não podemos deixar de agradecer o apoio fundamental dos deputados Chico Vigilante e Gabriel Magno, que acreditaram em nossa entidade e foram grandes parceiros nessa jornada.



 Juntos Somos Mais Fortes

Um agradecimento especial às entidades e organizações que tornaram este sonho realidade:

· Caixa Econômica Federal;

· AJUFE (Associação dos Juízes Federais do Brasil);

· Superior Tribunal de Justiça;

. Sindicato dos Professores no Distrito Federal;

· EcoSol - Economia solidária do Sol Nascente

· Instituto Mãos que Brilham;

· Centro Teológico de Ensino e Pesquisa.

E também às escolas de Ceilândia que abriram suas portas: CEM 12, CEF 30, CEF 34, Escola Classe 47 e CAIC Bernardo Sayão.

Por fim, nossa gratidão se estende a cada pessoa que, direta ou indiretamente, contribuiu para que este "belíssimo projeto" saísse do papel.



Como bem nos lembra nossa sempre inspiradora Madalena Tôrres: "o Cepafre é feito de muitas mãos". E é exatamente essa a beleza e a força que movem a educação popular e o movimento popular. Cada certificado entregue é uma vitória de todas essas mãos que se uniram por um mesmo propósito.

Parabéns a todos os formandos! Suas histórias são a nossa maior recompensa.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Intercâmbio Brasil-Cuba Recebe Estudante Cubano em Ceilândia

 

Desde o dia 5 de outubro, está conosco, em Ceilândia, o estudante cubano Jorge Antônio Delgado. Ele está no Distrito Federal para participar de um intercâmbio universitário entre Brasil e Cuba, uma iniciativa que fortalece os laços acadêmicos e culturais entre os dois países.

Este projeto nasceu em 2023, a partir de uma parceria estabelecida pela Universidade de Brasília (UnB) com o Centro Memorial Martin Luther King (CMLK), de Cuba. O foco principal é promover um diálogo profundo sobre as conexões entre os pensamentos libertários de dois grandes nomes da educação e da libertação latino-americana: o brasileiro Paulo Freire e o cubano José Martí.



Além do CMLK, que é responsável pela indicação dos estudantes, participam da iniciativa diversas instituições de ensino superior cubanas. Do lado brasileiro, a rede de apoio é ampla e inclui:

· O Fórum de Educação de Jovens e Adultos (Forum-EJA);

· O Núcleo de Estudos Cubanos (NESCUBA), do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM/UnB);

· A Faculdade de Planaltina (FUP/UnB);

· O Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia (Cepafre);

· E o Centro de Memória Viva (CMV).




A agenda de Jorge em Ceilândia está sendo intensa e repleta de trocas enriquecedoras. Nos últimos dias, ele já participou de debates no Centro Interescolar de Línguas de Ceilândia e do Recanto das Emas, na Escola Classe Guariroba. Também conheceu o Campus Darcy Ribeiro e o Polo de Extensão da UnB em Ceilândia. Nesta semana, visitará o Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB), para um encontro com estudantes e professores.

A imersão vai além das salas de aula. Jorge tem participado ativamente de movimentos culturais, ambientais e populares da cidade, contribuindo para um rico intercâmbio de experiências. Outro momento significativo foi sua visita e debate nas turmas de alfabetização de jovens, adultos e idosos do Cepafre. Participará também de encontro com lideranças históricas de Ceilândia.

O estudante cubano permanecerá em Ceilândia até o dia 18 de outubro. Na mesma data, seguirá para a cidade de Planaltina, onde dará início à segunda etapa de seu intercâmbio, dando continuidade a essa promissora jornada de conhecimentos.

 


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Metafísica, ciência, laicidade e suas interfaces no ambiente escolar por Alisson Costa Rocha*

Para Michel Varret, em sua clássica obra “Os marxistas e a religião”, o debate estabelecido entre metafisica e ciência, a partir do século XIX, no mundo ocidental, prevaleceu diante de uma celeuma de contradições.

Posto isso, deve ser levado em conta que o pensamento científico, ao passo que propôs o pensamento racional, não pode se comprometer com demandas estruturais em torno da verdade.

Obviamente que a construção das lentes em torno da produção científica surge em um caldeirão cultural milenar, permeado de valores e de historicidade no contexto do jeito de agir, de sentir e de pensar em uma estrutura acostumada a explicar o mundo a partir da relação indivíduo natureza e das teorias universais da filosofia. 

Corroborando com o debate, o pensador brasileiro Paulo Freire em seu livro “Educação como prática de liberdade” afirma que inexiste formação fora da humanidade porque os seres humanos não estão no limbo, mas no contexto social a partir de um processo dialético mediado por contradições.

Nesse cenário, o locus fenomenológico surge, sobretudo, com o propósito de superar o pensamento filosófico e metafísico segundo os princípios fenomenológicos que explicam as demandas que permeiam a humanidade nas suas questões contextuais.

Além disso, o grande desafio do pensamento científico se deu com uma proposta de colocar os pés da humanidade no chão, tendo como ponto de partida uma perspectiva materialista para construção do conhecimento em uma escola com uma proposta de laicidade, a partir dos documentos oficiais.

Entretanto, nos dias atuais, se  apresenta, na educação básica,  uma cultura católica ainda predominante e, ainda, com um aumento também da influência neopentecostal. 

É  importante mencionar que o pensamento científico se comprometeu com os fenômenos específicos diante da incapacidade humana de explicar a imensidão de coisas que existem no mundo, algo que filósofos como Sócrates e Pitágoras já tinham percebido há pelo menos dois milênios.



Nesse sentido, o grande papel das ciências humanas se dá no campo da reflexão e na produção de conhecimento diante dos dilemas que existem no contexto social sob a perspectiva da lente do materialismo histórico e dialético e da fenomenologia, por exemplo.

Outrossim, o debate da laicidade, na escola pública do Distrito Federal, emerge em um imaginário sociológico de grande influência da religião cristã. Para Luiz Antônio Cunha na obra “Educação e religiões: a descolonização religiosa da escola pública”, a população brasileira assumiu a crença do colonizador.

O autor argumenta que até a Constituição de 1891, após a Proclamação da República, confundia-se o Estado e a igreja no sistema de padroado e, atualmente, mesmo com uma proposta de um estado laico, sem uma religião definida, no ambiente educacional, aparecem as ambiguidades que levam as determinações religiosas a definirem até mesmo as questões disciplinares.  

Sob essa mesma perspectiva, Cunha esclarece que a proposta de um estado laico foi base da inspiração republicana no Brasil inserido dentro da concepção das liberdades individuais. Assim, ainda segundo esse autor, a Constituição, no Período Republicano, não negou a fé cristã, porém definiu as questões estatais colocando a religião no âmbito íntimo e privado e não mais sobre as responsabilidades do Estado brasileiro.

Desse modo, nos espaços sepulcrais passou a ser permitido ritos de outras crenças e o Brasil começou a gozar de certa liberdade religiosa. Destarte, o grande desafio atual pode passar pela superação de uma moral construída a partir de uma cultura hegemônica religiosa europeia em prol de uma proposta que privilegie o pensamento ético em favor do oferecimento de uma educação laica como está proposto nos documentos institucionais.

É válido frisar que o documento que funciona como uma diretriz para as escolas do Distrito Federal, sob a alcunha de “Currículo em Movimento”, do ano  de 2014 e atualizado no ano 2018, da Secretaria do Estado de Educação do Distrito Federal, (SEEDF), afirma que a religião, no processo de formação educacional, tem que aparecer como proposta pedagógica a partir da compreensão e da reflexão histórica, filosófica e sociológica e não como súplicas ou profissão de fé.

Assim, o Currículo da SEEDF define o que já foi acordado com o fim do padroado na Constituição Brasileira de 1891: o espaço da escola e do templo, sendo a escola o espaço de produção e de reflexão a partir do preparo para o saber científico.

Além disso, Wayne Morrison, autor da “filosofia do direito”, mirando os movimentos norte-americanos conhecidos como  Critical legal studies, na década de 60 e 70, em um contexto crítico em que o pensamento jurídico estava sendo analisado como uma justificativa de se manter o pensamento hegemônico, na sociedade, diante das reivindicações das minorias, observou que o mundo contemporâneo não é uma embarcação navegando em um mar calmo carregado de valores éticos racionais, conduzido por navegantes com lentes que permitam enxergar para além de uma ótica nublada.

Assim sendo, para o autor, o tecido social é costurado por influências de uma sociedade metafisica com certezas medianas.

Por outro lado, os alemães Karl Marx e Ludwig Feuerbach apontam que, por meio da visão de mundo proposta pela religião, as pessoas enxergam as coisas não como de fato são, mas por uma lente que inverte a realidade, o que a filósofa Marilena Chauí atualmente conceitua como uma ocultação da realidade.

Assim, se abusarmos, nesse texto, da análise freiriana poderíamos refletir no sentido de que a problematização acontece em um terreno carregado de emoções, de historicidades, de valores diante de uma estrutura social constituída.

Destarte, a pergunta a ser feita é se a escola, diante das questões hegemônicas postas, vai conseguir cumprir o seu papel. Algo também a ser perguntado é: qual papel a escola pública vai assumir diante do cenário posto: a ciência ou o senso comum? 

Além disso, o professor Dermeval Saviani, que embasa o “Currículo em Movimento da SEEDF”, elucida em seu trabalho “Pedagogia Histórico Crítica” que os professores precisam olhar o campo para receber as experiências acumuladas historicamente pelos estudantes, na comunidade em prol de problematizá-las para produzir a catarse, a reflexão, a problematização com o intuito de obter o conhecimento sistematizado.

Desse modo, o conhecimento sensível e a ciência se complementam no sentido de que a inquietação surge a partir do objeto real, concreto e no meio social. Por isso Freire em “Cartas aos professores” aponta que a reflexão que surge, no meio popular, não se antagoniza com o saber científico porque o campo é que vai dar substância à análise e à pesquisa.

Assim, diante do reconhecimento do seu papel, a escola poderá oferecer os impulsos e os estímulos adequados por meio das dinâmicas, da acolhida dos estudantes, dos ensinamentos, dos debates e das reflexões cotidianas para que as crianças, os adolescentes, os jovens, os adultos e os idosos, os trabalhadores típicos, os atípicos, os neurodivergentes possam viver bem, no ambiente escolar, de forma harmônica em um ambiente de profissionais preparados para a diversidade e para a antecipação de crises e de conflitos comuns à comunidade escolar.

 Ademais, a partir dos estudos realizados e das experiências educacionais vivenciadas, nos últimos séculos, se espera da escola uma perspectiva intelectual para debater temas como o meio ambiente, a diversidade, o ciclo da água, o corpo humano e seus sistemas, as várias crenças existentes problematizando e resolvendo questões inerentes às demandas sociais que emergem do contexto vivenciado.

Sobretudo, é papel da escola a análise dos objetos de estudo que permeiam o campo e dos temas universais existentes na humanidade.

Desse modo, o Filósofo alemão Inmanuel Kant na sua obra “Crítica à razão pura” explica que” os objetos têm que ser analisados como fenômenos e não como coisa em si”.

Outrossim, o pesquisador Luiz Antônio Cunha escreveu um livro “Educação e religiões: a descolonização religiosa da escola pública” que  aponta a importância de  desconstruir a hegemonia religiosa na escola pública.

O autor apresenta, em seus estudos, reflexões que afirmam que a cultura religiosa, nas instituições de ensino, tem dado conta de orientar a rotina escolar, o padrão de comportamento, o projeto disciplinar, a partir de parâmetros morais permeados por crenças e até mesmo mediados por súplicas e orações.

Obviamente que, no contexto medieval, comprometido com as relações metafísicas determinadas pela Igreja Cristã, historicamente se compreende, porém tais reflexões levam a crer que os valores ocidentais advindos da Idade Média ainda exercem poder na hora de ensinar.

Para além, Cunha reforça que o debate do Estado laico não nega as crenças e a religião, mas, na verdade, aponta para uma sociedade democrática de garantias dos direitos individuais e coletivos.

Ainda mais, Tatiane Lionço , Debora Diniz e Vanessa Carrião, em sua obra “Laicidade e ensino religioso no Brasil” afirmam que é possível uma educação democrática no país em um cenário em que as pessoas possam conviver no ambiente escolar por meio do respeito e também da diversidade.

Além das autoras ora referidas, Luiz Antônio Cunha aponta que na educação pública brasileira permeia uma ambiguidade diante de uma Constituição Federal que garante o Estado laico e uma escola que, em alguma medida, se comporta de forma confessional.

Diante do debate proposto, é importante refletir ao ponto de a escola descobrir e de se afirmar frente aos objetos e aos fenômenos, por meio da análise científica ou poderá perder a razão de ser, diante das propostas que permeiam o senso comum.

Como a militarização do espaço escolar, em uma confusão da rotina escolar  dos estudantes com a realidade disciplinar dos soldados nos quartéis, do apelo às súplicas religiosas e do moralismo cotidiano comum à sociedade, importantes, entretanto, objetos de análise na educação.

Assim, pode ser necessário que o simplismo, apontado no texto a partir de Morrison, dê lugar ao pensamento crítico, no sentido de que a escola leve o estudante à percepção das contradições sociais dando lugar de destaque para o debate científico em prol da emancipação discente.

Nesse sentido, Paulo Freire, patrono da educação brasileira em seu livro “Ação cultural para a liberdade”, explica que a apropriação cultural para estudantes e professores tem que estar a serviço da reflexão e da emancipação em prol da construção de sujeitos cognoscentes.

Além disso, para Freire, a proposta educacional tem que ser simples, de modo que os temas sejam apresentados na condição de manter uma relação com a realidade dos educandos em prol da transformação das informações que se apresentam no campo para construção do conhecimento como objetivo a emancipação humana e jamais simplista ou na condição de reproduzir o que o campo oferece sem a problematização que se exige no universo escolar, educacional ou acadêmico.

Ademais, o autor pernambucano não nega a realidade, porém problematiza-a ao passo que afirma em “Educação com prática de liberdade” que “não existe educação fora das sociedades humanas e que não existe pessoas no vazio”. 

Portanto, a partir deste debate, pode se perguntar se o papel da escola não é o de levar uma lente que permita enxergar as contradições nas verdades produzidas e nos rótulos estabelecidos? Será que se a escola se comprometer com o campo sem problematizá-lo perderá a razão de ser?

Essas são perguntas a serem feitas diante do currículo em movimento com uma proposta que sugere à comunidade escolar a autonomia necessária como uma embarcação que se permita a escolha do melhor caminho para chegar ao porto, porém, no caso da escola, sem abandonar o processo democrático mediado pelo conceito de alteridade que está sempre no olhar no outro.


*Mestre em Educação pela Universidade de Brasília, membro do programa de extensão da UnB Pós – Populares, coordenado pelo professor Erlando da Silva Rêses. Integra o Grupo de Estudos e Pesquisas em Materialismo Histórico – Dialético e Educação, coordenado pelo professor Erlando da Silva Rêses.

 Possui curso de Formação de Alfabetizadores Populares. Instituição: CEPAFRE – Centro de Educação Paulo Freire.


Movimento Salve Arie JK: Unidos por Vitórias e Novos Desafios

No dia 30 de outubro de 2025 ocorreu mais uma reunião do Movimento Salve Arie JK . Foi um momento reflexão e planejamento dos próximos passo...