Na noite de 04/04/2025
(sexta-feira), às 19h15, aconteceu mais um encontro do projeto
"Alfabetização e Linguagem do Cinema". A formação começou com a
prof.ª Madalena Torres perguntando quem já havia assistido ou apresentado o
documentário “A luta do povo Karipuna para não desaparecer na Amazônia” (2021)
nas turmas de alfabetização. Ela compartilhou também o livro/roteiro “Conterrâneos
Velhos de Guerra” (1997), o filme homônimo de Vladimir Carvalho, sua
dissertação de mestrado e o livro resultante, “A linguagem do cinema na
alfabetização de jovens e adultos trabalhadores” (2018) e “A Linguagem secreta
do cinema”, de Jean-Claude Carrière (1995).
Madalena falou sobre os filmes
já utilizados nas turmas, como “Vida Maria” e “Do Meu Lado”, destacando como aspectos
da linguagem fílmica: close, imagens, som, trilha sonora, gênero e temas
geradores. Explicou que o documentário dos Karipuna foi encomendado pela
revista Época do Globo em 2019, mas só se tornou documentário em 2021. Embora
não aprofunde os temas, ele permite discutir nas turmas dados como o número de
indígenas no Brasil à época da colonização, o genocídio sofrido, o quantitativo
atual e suas lutas contemporâneas.
Na turma da alfabetizadora Vânia
Castro, os alfabetizandos comentaram sobre a vulnerabilidade das terras
indígenas, citando o exemplo do Santuário dos Pajés, no Setor Noroeste (DF),
onde vivem cerca de 150 pessoas das etnias Funil-ô, Guajajara e Wapichana.
Atualmente, existem cerca de 1.700.000
indígenas no Brasil, organizados em 279 povos e 150 línguas. Durante a
formação, foram lidas questões-problema sobre o documentário e discutidas
orientações como:
Assistir ao filme junto com os
alfabetizandos; respeitar o clima do cinema (luz apagada e
silêncio); dominar o roteiro, mas ser flexível no debate; pesquisar
sobre o filme antes de apresenta-lo.
Em seguida, foi exibido o
documentário “Nosso modo de lutar” (2024), que apresenta relatos de indígenas
acampados no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Madalena questionou o
título e pediu que Adriana lesse o significado de "fruição",
destacando como a arte provoca sensações e emoções nos espectadores.
Pedro relatou que um alfabetizando
se emocionou com Vida Maria, ao se identificar com a história e por hoje ter
possibilidade de frequentar a escola. Madalena comentou que nem todos que as emoções
diante do filme, podem ser diversas.
O documentário também aborda que
o ATL, completou 20 anos em 2024, com foco na demarcação das terras, o fim do
marco temporal e da exploração do garimpo. Adriana destacou que o filme foi
dirigido por mulheres indígenas e cineastas.
Outros temas sugeridos para as
palavras geradoras foram: trabalho, comida, lote, cidade, cultura e
coletividade. O ATL 2025 ocorrerá em Brasília, ao lado da Funarte, de 07 a 11
de abril de 2025. Madalena sugeriu visitas ao local. Na sequência ressaltou a
importância de observar nos filmes os sons que a natureza produz, músicas e
movimentos corporais, uma vez que, nesse documentário, "os povos indígenas
lutam cantando e dançando". Também reforçou que o debate não deve se
concentrar no alfabetizador, mas no coletivo.
Durante visita a uma turma, um alfabetizando
perguntou por que, no dia do filme, não havia outras atividades. Madalena
sugeriu propostas pós-filme, como desenhos, pinturas, escrita das palavras que
percebem no cenário, mudar o final da história, se fossem o diretor/diretora.
No encerramento, os
participantes desenharam cenas do documentário e comentaram porque o fizeram.
Madalena recomendou que, nas turmas, os desenhos se tornem palavras escritas e
se explorem vocábulos de origem indígena utilizados em nosso cotidiano. A
proposta é ir além da apresentação, incentivando a oralidade, a escrita e a partilha
com familiares.
Adriana informou que cada
alfabetizador deve indicar seis alfabetizandos com maiores dificuldades visuais
para exames oftalmológicos no dia 12/04 (sábado), sendo que, pela manhã, serão
atendidas as turmas da Art CEI e, à tarde, da Casa Telar com execução do STJ, parceria
com o Cepafre e com o Polo/Decanato de Extensão UnB – Ceilândia.
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