quarta-feira, 24 de abril de 2024

Encontro sobre a História de Ceilândia no Curso de Formação Inicial de Alfabetizadores(as) – Educação de Jovens e Adultos/EJA – 23/04/2024

Na noite de 23/04/24, o Professor Viridiano Brito, Pós-graduado em História da África e Ciência política pela UnB, morador da Expansão do Setor “O” e militante do Partido dos Trabalhadores, foi convidado para  desenvolver o tema “Onde nós estamos e o que podemos fazer para melhorar a cidade onde moramos?" no curso de formação para alfabetizadores.  Após um breve intervalo para lanche, os participantes foram envolvidos em uma dinâmica animada, na qual a música foi selecionada de acordo com as diferentes regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Os alunos foram convidados a escrever seus nomes e cidades de origem em quadros designados para cada região, promovendo assim a integração e a representatividade geográfica.

Após a dinâmica, o Professor Viridiano instigou os cursistas com questionamentos pertinentes relacionados à história e ao planejamento urbano do Distrito Federal, tais como: "Qual era a capital do Brasil antes da fundação de Brasília?" e "Quais foram os principais arquitetos e urbanistas envolvidos no projeto?".


Durante sua apresentação, o convidado discorreu sobre o processo de planejamento e estabelecimento de Brasília, destacando que a primeira constituição da República de 1891 estipulou a região onde a futura capital deveria ser erguida. No entanto, foi durante o mandato do presidente Juscelino Kubitschek que o projeto foi efetivamente iniciado. A cidade foi concebida de acordo com o Plano Piloto elaborado por Lúcio Costa, com contribuições arquitetônicas de Oscar Niemeyer. Vale ressaltar que a mão de obra empregada na construção da cidade foi proveniente de diversas regiões do país, e não havia sido previamente planejado onde esses trabalhadores, conhecidos como "candangos", iriam se estabelecer, uma vez que a capital estava inicialmente destinada a ser um centro político.

O surgimento de invasões habitacionais, especificamente na Vila IAPI (Guará II) e no Morro do Urubu (Park Way), marcou o início de um período de desafios para os trabalhadores migrantes conhecidos como "candangos". Esses indivíduos habitavam precariamente em barracos de lona em áreas invadidas, enfrentando condições de vida críticas, desprovidas de saneamento básico. Em resposta a essa situação, o governador Hélio Prates da Silveira, solicitou à secretaria de serviços sociais a erradicação dessas favelas.

No mesmo contexto histórico, emergiu a iniciativa de eliminar as ocupações informais, culminando na formação da futura cidade de Ceilândia. A Companhia Imobiliária de Brasília (Novacap) procedeu com a demarcação dos assentamentos precários, visando realocar os habitantes para uma área ao norte de Taguatinga, anteriormente pertencente à Fazenda Guariroba. Contudo, essa nova localidade carecia igualmente de infraestrutura básica, notadamente de saneamento adequado, o que acarretou desafios substanciais para os residentes.É relevante salientar que a primeira quadra habitacional de Ceilândia foi a 25 na área Sul. 

O Plano Cruls delineou a expansão de Ceilândia e as habitações que originalmente foram prometidas a preços acessíveis. Entretanto, quando os moradores foram cobrados com valores de mercado, ocorreu uma mobilização em busca da promessa inicial de custos reduzidos das residências.

Destaca-se que as conquistas de Ceilândia foram resultado das mobilizações de diversos grupos sociais. O professor Viridiano menciona o Movimento Inquilinos de 1973, cuja iniciativa de abaixo assinado em prol dos sem-moradia reuniu cerca de 4.000 pessoas, culminando na Expansão do Setor “O”, em 1984.

Ao longo do tempo, Ceilândia foi gradualmente provida de infraestrutura básica, abrangendo saneamento, fornecimento de energia e sua ocupação territorial expandiu-se progressivamente até alcançar a configuração urbana que caracteriza a região nos dias atuais.

Ocupação Territorial pela Cronologia:

  1971: Setores ‘M’e ‘N’ (Ceilândia Sul e Norte)                                          1976: Setor ‘O’                                                                                                    1977: Setor Guariroba                                                                                1979: Setores ‘P’ Sul e ‘P’ Norte                                                                        1980: Setor Indústrias                                                                                  1985: Expansão do Setor ‘O’                                                                      1989: acréscimo do Setor ‘N’ (QNN 35 a 40)                                                    1992: Setor ‘R’                                                                                            1999: Área de Desenvolvimento Econômico Centro- Oeste (ADE)

Foi disponibilizado um recurso audiovisual contendo a participação de Madalena Tôrres e Viridiano Brito, abordando a história de Ceilândia.           O vídeo pode ser acessado por meio do seguinte link: [https://youtu.be/3uiyEqNMW-0?si=kpzbYPt6dQNs6p8H].

Como forma de enfatizar a importância histórica de Ceilândia, foi uma honra presenciar a performance do MC Docin, que compartilhou sua rima de rap sobre a cronologia da região. Sua apresentação emocionou os cursistas, proporcionando uma experiência única que ressaltou a relevância cultural e social de Ceilândia ao longo do tempo.



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