sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Diálogo da Comissão de Justiça e Paz com os Movimentos Populares


No dia 25/10, o Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (MOPOCEM) esteve presente, na Cúria Metropolitana de Brasília, Esplanada dos Ministérios, a convite da Comissão de Justiça e Paz (CJP).

Estiveram presentes na reunião, Madalena Torres, Sandra Cordeiro e Alisson Rocha, representando o MOPOCEM, Filipe da CJP, representando o Movimento de Habitação de Apoio ao Trabalhador Rural (MATR), Mauro (CJP), tendo atuado nas discussões do Direito Achado na Rua junto ao professor da UnB José Geraldo Júnior e também na luta pela habitação do Núcleo da Telebrasília; Pe. Thierry do Centro Cultural de Brasília, irmão Jesuíta com atuação no Projeto do Curso do Educador Popular e do Projeto Educador Sócio-Ambiental, que ocorre todo último sábado do mês, no Centro Cultural Brasília; Nilda (CJP), professora de História que colaborou na luta dos Incansáveis Moradores de Ceilândia e também junto à luta e trabalho das Mulheres Camponesas; Edvaldo (CJP), formação de Psicólogo, atuou e também atua na Luta pela Moradia; Guilherme e Paique do Movimento Passe Livre e Vida sem Catraca; Angel, Jornalista do Mercado Sul; José Carlos (CJP), aposentado da Câmara dos Deputados e atualmente Tesoureiro da Comissão de Justiça e Paz e Daniel Seidel (CJP) que atuou em Comunidades Eclesiais de Base, na Pastoral da Juventude e foi Secretário de Estado no Governo do PT (2010 a 2014), além de colaborar para o fortalecimento dos Movimentos de Assistência Social.
A proposta deste diálogo inicial com os movimentos sociais, segundo membros da Comissão Justiça e Paz da CNBB, é uma resposta ao CHAMAMENTO do Papa Francisco, que já havia apontado o caminho pastoral a ser trilhado por uma igreja viva e solidária, em comunhão com os oprimidos de toda a Terra, a nossa casa. Em 2014, o Papa Francisco recebeu, no Vaticano, representantes de diversos países para o I Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Outros dois encontros ocorreram desde então, na Bolívia e em Roma. Naquela oportunidade, o Santo Padre, acolhendo-os, ouviu dos movimentos o que pode ser considerada a síntese histórica das demandas sociais por direitos e justiça deste início de milênio: Terra, Teto e Trabalho. Os três "Ts".

Após a apresentação dos presentes tivemos a leitura do Evangelho de São Lucas, capítulo 4: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor... E acrescentou: “Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.”

Logo após, foi lido um texto “Palavras do Papa Francisco no 1º Encontro Mundial dos Movimentos Populares – 2014, na Bolívia”. A partir desta dinâmica de meditação e reflexão, passamos a conhecer os Movimentos sociais, ali presentes.

MOVIMENTO PASSE LIVRE – Paique apresentou o Movimento Passe Livre Nacional que surgiu a partir de uma série de manifestações contra o aumento das tarifas do transporte público em 2004. Mas foi em janeiro de 2005, em uma Plenária, com as bandeiras de Luta por Passe Livre e contra os aumentos de passagens, que o MPL se constituiu em várias cidades brasileiras. De 2013 em diante, a luta se intensificou por uma Tarifa Zero, norteadas por alguns princípios como a execução pública do trabalho (operacionalização), Gestão Popular e Social do Transporte Coletivo (Conselhos Populares e Transporte) e Qualidade do Transporte. O MPL atua nas escolas e nos movimentos culturais das cidades, entre elas, Ceilândia. Em sua fala Paique mostrou-se preocupado com a depressão de militantes, sendo muitas vezes difícil retirar o militante de casa para lutar por seus direitos. 

MOPOCEM – Madalena Torres apresentou o Movimento, desde sua criação em 2010, sempre na defesa das bandeiras de luta no campo da saúde, educação, transporte, segurança-pública, meio ambiente e cultura. Comentou sobre a existência dos Parques Ecológicos e sua importância na questão urbana; Novo Hospital na Ceilândia e ações em torno deste objetivo; Universidade de Ceilândia e nossa luta junto ao MOPUC, pela implantação de cursos noturnos, já que na cidade de Ceilândia temos os trabalhadores estudantes; 

Ressaltou o trabalho dos Pós-populares em Ceilândia, um programa de extensão da UnB desenvolvido pelo professor Erlando Rêses (FE/UnB) com estudantes de Ceilândia. O Programa "Pós-Populares", visa a democratização do acesso à pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB) em nível de mestrado e doutorado. A contrapartida para os interessados é o desenvolvimento de um projeto com foco de pesquisa na localidade de moradia ou inserção na realidade social, visando uma intervenção local. 

Comentou ainda sobre dados econômicos de nossa cidade, onde em pesquisa mostrou que mesmo sem uma industrialização de forma intensa na região, Ceilândia é responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Distrito Federal, tendo uma economia anual em torno de R$ 17,5 bilhões. Enquanto isso, numa realidade de mais de meio de milhão de habitantes, 2,35% da população de Ceilândia se declara participante de sindicatos e associações.

Pediu a todos que assinassem o Abaixo-Assinado pela retomada da construção dos Blocos “C’ e “D” do Centro Cultural de Ceilândia, onde há previsão de ser construído naquele espaço, um Cine-teatro e um Teatro de Arena.

MERCADO SUL – Angel falou que trata-se de um movimento cultural, onde suas atividades são desenvolvidas em um espaço diferenciado em Taguatinga com 52 lojinhas, com trabalhos culturais, teatro, música e artesanato. O movimento teve seu trabalho reconhecido com Ponto de Cultura no Governo Lula. Trabalha com os “T”: Transversalidade na cultura, teatro dos bonecos nordestinos (jornalista comunicador) e na Cultura de Digitais livres; Transgressão; Tecnologia: tambor (matriz tecnológica); Trabalho de Reutilização com papelão e sacos de cimentos; Tempo Eco Arte. Trabalham ainda com as frentes de trabalho do bem-composto, na reutilização dos resíduos, na defesa dos valores da Agro-ecologia e também na Mobilidade Urbana. Uma vez por mês, há no espaço do Mercado Sul, uma ECO-FEIRA.

HABITAÇÃO – Filipe comentou sobre as políticas públicas que envolvem a questão, bem como os problemas enfrentados na gestão, organização e implementação das moradias reivindicadas pelas Cooperativas Habitacionais. Ressaltou ainda que, infelizmente, existe muita corrupção envolvendo esta temática.

Deliberações a partir da proposta da Pastoral de Justiça e Paz:

Preparação do Encontro com o Arcebispo, no dia 12 de Novembro no Auditório da CNBB.

Ficou acertado ao final da reunião que o MOPOCEM e o Movimento do Mercado Sul, iriam se reunir no dia 04 de novembro para sintetizar o trabalho desenvolvido pelos Movimentos Sociais atuantes na questão urbana, contudo, foi marcada para o dia 06/11, às 16h. Esta síntese será apresentada ao Cardeal no próximo dia 12/11/2017.

Ao final, o Padre Thierry convidou os presentes para participarem das Conversas de Justiça e Paz, especialmente no dia 06/11, às 19h, na Cúria Metropolitana, onde terá o diálogo e reflexão sobre o tema: Terra, Teto e Trabalho – O Clamor dos Movimentos Populares.

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