quinta-feira, 16 de julho de 2020

Live com o tema Educação de Jovens e Adultos em Tempo de Pandemia - (15/07/2020)

Na noite de 15/07/2020 (quarta-feira), às 18h, ocorreu um debate com o tema Educação de Jovens e Adultos em Tempo de Pandemia. O programa foi veiculado pela TVCOM, no Canal 12 da NET e pelo Facebook do Sinpro-DF. As convidadas foram as professoras, Delzair Amancio do Conselho Tutelar de Sobradinho–DF; Eliceuda França – Diretora do Sinpro-DF e Maria Madalena Tôrres – representante do GTPA/ Fórum EJA –DF/Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia (Cepafre). 

No primeiro momento, a jornalista fez a apresentação das participantes da live, Eliceuda, Delzair e Madalena (que não conseguiu se conectar ao link da TVCOM, no início do programa).


Delzair foi a primeira a falar contextualizando as dificuldades dos sujeitos/estudantes da EJA em tempos de Pandemia bem como o perfil dos estudantes que está bem detalhado nas Diretrizes Operacionais da EJA (DOEJA, SEE/DF, 2015, p.15).

Delzair complementou ainda falando da relação entre o Plano Nacional de Educação (PNE)  e as 4 metas que constam no Plano Distrital de Educação (PDE), e que pouco foram colocadas em prática. Sobretudo, porque escolas da EJA estão fechando, ainda temos mais de 60 mil pessoas não alfabetizadas no DF e o governo não ampliou as turmas de 1º Segmento e nem teve programa próprio de alfabetização de jovens e adultos.

Madalena, finalmente conseguiu ser conectada só com áudio e discorreu sobre as inúmeras lutas dos movimentos sociais, a fim de pressionar o governo para efetivar o Currículo em Movimento e as Diretrizes Operacionais da EJA, bem como as 54 metas do PDE, referentes à modalidade e reuniões intensas e propostas ao GDF, audiências públicas e até a colaboração na construção nas DOEJA (2020). 

Eliceuda falou sobre o papel do Sinpro na luta pela EJA, relatou fatos que ocorreram em 2019 sobre escolas que iam fechar e, por conta da mobilização do Sinpro em parceria com professores, comunidade escolar e o Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (Mopocem), movimento que Madalena coordena em Ceilândia, as turmas permaneceram abertas. 

Madalena continuou falando que o GTPA-Fórum EJA/DF, é um espaço de reflexão política, onde representantes do movimento popular, de sindicatos, de universidade, de professores, dos orientadores, de estudantes da EJA e dos poderes executivo, legislativo e judiciário têm acento, objetivando a construção de políticas públicas para a EJA.

Delzair também complementou dizendo que já participou do GTPA representando o Sinpro, atuou por longos anos como professora na Educação em prisões e o Sinpro tem um papel fundamental na luta pela EJA.

Eliceuda complementou sobre o valoroso papel do Sinpro e sobre as suas lutas no Movimento Pró - Universidade Pública de Ceilândia (Mopuc) e que sua luta vai da alfabetização na EJA à oferta de vagas na Universidade Pública de Ceilândia (FCE), que atendam trabalhadores e o público que conclui a EJA.

Madalena disse ainda que a diferença entre EJA e Educação de Jovens, Adultos e Idosos Trabalhadores (EJAIT) não apenas uma sigla que reduz à profissionalização, mas, principalmente que estimule a ação em que estudantes trabalhadores lutem por seus direitos sociais e trabalhistas, em sindicatos e façam, conscientemente, suas opções profissionais e partidárias.

Eliceuda disse achar importante lembrar que muitos do público da EJA estão fora do mercado do trabalho, no trabalho informal, precário e mais de 200 mil estão nas Áreas de Interesse de Relevância Social (ARIS) imersos na vulnerabilidade das desigualdades sociais sem acesso à água, tanto é que a UnB protocolou na Casa Civil um abaixo-assinado em 25/06/2020.

Delzair retomou a palavra infomando que recentemente foi eleita conselheira tutelar em Sobradinho. Nesse momento em que se comemora 30 anos do ECA, vemos muitos adolescentes presentes na EJA. Essa bandeira também foi luta do GTPA-Fórum EJA/DF, para que não se tivesse estudantes nessa faixa etária na EJA, visto que o choque de geração é muito ruim, nem os idosos se sentem à vontade e muito menos os jovens.

Eliceuda retomou dizendo que o professor, a professora da EJA e a escola têm um papel estratégico, para realizar a busca ativa dos estudantes da EJA, bem como a permanência com metodologias que busquem manter vivo o desejo de estudar, de transformar os sujeitos e o mundo em que vivem. Mas, para isso, é importante uma formação específica com cursos de especialização, como foi o caso dos três cursos específicos de especialização com foco na EJA ofertados pela Faculdade de Educação  UnB.

Madalena continuou argumentando sobre a busca ativa. Disse que geralmente, a ação da “busca Ativa” objetiva trazer de volta jovens, adultos e idosos trabalhadores que, por diversas razões, interromperam seus estudos antes da conclusão do Ensino Fundamental ou Médio. São 11 milhões e 300 mil pessoas não alfabetizadas no Brasil, segundo dados da PNAD (IBGE, 2018). De acordo com a PDAD (2018), o DF tem 60 mil pessoas não alfabetizadas. A busca ativa está prevista na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no artigo 5º, § 1º, Incisos I e II responsabilizando o poder público a realizar recenseamento e chamada pública:

Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. ("Caput" do artigo com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)

§ 1º O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)

I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação básica; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)

II - fazer-lhes a chamada pública;

 

No DF, o governo sempre faz busca ativa por meio do telefone 156, opção 2 ou no balcão da escola.

Na Educação Popular, no entanto, a busca ativa mais minuciosa, com visitas às residências; informativos com chamadas para as turmas nos seguintes locais: Prefeituras Comunitárias; Associações de moradores; Unidades Básicas de Saúde; Filas de restaurantes comunitários, de bancos, feiras, centros comunitários, paradas de ônibus. Utiliza-se para a busca ativa alguns mecanismos como: carro de som; cartazes (contendo a mensagem, endereço físico da escola e telefone, com linguagem popular), além de bilhetes para os alunos de escolas que estudam no diurno.

Delzair, Eliceuda e Madalena fizeram suas considerações finais lamentando o número de mortes pela Covid-19, bem como alertaram sobre o fato de que a modalidade EJA sempre teve poucos investimentos, contudo em tempos de pandemia, será o primeiro público a retornar às aulas presenciais, em 3 de agosto, mesmo com as recomendações contrárias de especialistas, médicos, sanitaristas, infectologistas, conselhos de pediatria e de conselhos de saúde. 


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