Educador faria aniversário nesta quinta-feira (19). Obra completa está disponível gratuitamente para download
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Da Redação
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha
para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”, Paulo Freire (Educação na Cidade/1991)
Nesta quinta-feira, 19 de setembro, o educador Paulo Freire
completaria 92 anos. Defensor de uma pedagogia essencialmente política, Freire
afirmava que o maior objetivo da educação é conscientizar o aluno.
Para celebrar a data, acontecerá em Recife o VII Colóquio
Internacional Paulo Freire, que começa às 18h desta quinta-feira (19), no
Teatro Boa Vista, na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Com o tema
“Educação como Prática da Liberdade: saberes, vivências e (re)leituras em Paulo
Freire”, o colóquio possui atividades até o próximo sábado (21). Já em São
Paulo (SP), a FEUSP (Faculdade de Educação da USP) realizará hoje (19), às
19h30, uma cerimônia de entrega do título de Professor Emérito ao professor
Paulo Freire. O evento será realizado no Auditório da Escola de Aplicação da
FEUSP, na Travessa 11 da avenida da Universidade, 308. A presença deve ser
confirmada através do e-mail fe@usp.com.br ou pelo telefone (11) 3091-3517, com
Solange ou Leia.
Opositor do ensino oferecido na maioria das escolas, que
chamava de “escolas burguesas”, Freire acreditava que depositar conhecimento em
um aluno receptível e dócil, tornando a educação uma espécie de doação daqueles
que se consideram seus detentores, é uma prática alienadora do espírito crítico
dos alunos. Para ele, enquanto a escola “tradicional” buscava enquadrar os
alunos no mundo existente, a educação em que ele acreditava estimulava a
inquietação por mudanças nos alunos.
Em 1962, o educador cria um método de alfabetização de adultos e o testa na cidade de Angicos (RN), onde alfabetizou 200 adultos, todos cortadores de cana, em apenas 40 dias. O método, que posteriormente ficou conhecido como método Paulo Freire, dispensava o uso das tradicionais cartilhas baseadas em repetições de palavras e frases pré-formuladas. O método de Freire consistia em buscar as palavras e temas mais significativos na vida do aluno, mostrar para ele o significado social de cada uma destas palavras e temas aprendidos e desafiá-lo a superar sua visão acrítica do mundo em que vive e passar a ter uma postura conscientizada.
Durante a ditadura militar, Freire foi perseguido pelo regime e exilou-se no Chile. Foi neste período, em 1968, que o educador escreveu uma das suas maiores obras, o livro “Pedagogia do Oprimido”, onde defendeu uma nova relação entre professor, estudante e a sociedade para a época. Através de uma análise marxista, Freire afirma que o educador deve ter uma postura revolucionária, conscientizando os estudantes sobre a ideologia opressora para que estes possam se libertar e modificar a realidade na qual estão inseridos. Proibido no país, o livro só chegou a ser publicado no Brasil em 1974.
Na política, Freire foi filiado ao PT e ocupou o cargo de secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Luiza Erundina (1989-1992). Neste período, o educador criou na capital paulista o MOVA – Movimento de Alfabetização, um programa de apoio a salas comunitárias de EJA (Educação de Jovens e Adultos), que até hoje é adotado por diversas prefeituras, a maioria administradas por partidos de esquerda, e por outras instâncias governamentais.
Em 1997, Freire faleceu vítima de um ataque cardíaco aos 75 anos. Hoje, o educador é o brasileiro mais homenageado por instituições acadêmicas na história, com 41 títulos de DoutorHonoris Causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Em abril deste ano, o Centro de Referência Paulo Freire disponibilizou a obra completa do educador gratuitamente para download, além de vídeos com aulas, palestras e entrevistas do mesmo.
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