quinta-feira, 9 de maio de 2019

Palestra - As influências de Paulo Freire no uso das tecnologias na educação – (8/5/2019)


No dia 8/05 (quarta-feira), a Vice- presidente do Cepafre Maria Madalena Tôrres realizou uma palestra com o tema: “As influências de Paulo Freire no uso das tecnologias na educação”, para 65 professores, sendo 30 no turno matutino e 35 no vespertino, na Escola Classe 68 do setor QNR, Ceilândia - DF, a convite da Diretora Hélia Mara Monte.

Na parte da manhã, a diretora Hélia apresentou Madalena ao grupo de professores na Coordenação coletiva, todos se apresentaram e logo em seguida Madalena desenvolveu o tema iniciando pelo livro Extensão ou comunicação? (1992), do autor Paulo Freire, discorrendo sobre a diferença de extensão e comunicação, sobre a importância do diálogo, como a ferramenta mais importante para tratar de assuntos, como: desenhos animados, animações, filmes, documentários e “extensão” no livro, trazendo uma ideia equivocada da posse absoluta do conhecimento, sem que haja troca, a partir da dialogicidade.

Lembrou o “Cineminha”, na década de 60, nas favelas, à beira de praia e em espaços alternativos, momentos em que Paulo Freire apresentava as palavras geradoras como imagens, por meio da tecnologia de slides, projetadas na parede e que os alfabetizandos ficavam ansiosos por discutirem e identificarem a realidade dos problemas existenciais, discutindo-os, para transformá-los. Nesse sentido, a formação do sujeito crítico é fundamental, para que uma ação se configure de caráter educativo.

Na sequência, esclareceu temas da obra “Educar com a mídia”, de Freire e Sérgio Guimarães (2011): mídias como um agente educativo ou não; a resistência dos professores ao uso das mídias como recursos educacionais; importância da escola e da mediação do professor no processo de ensino/aprendizagem e das relações estabelecidas entre os educandos, educadores e a mídia.

No tópico, “Alfabetização em televisão”, da obra “Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos” (2000), Paulo Freire alerta para a compreensão crítica das tecnologias, que não devem ser repudiadas, mas passadas pela avaliação ética do professor/coletivo da escola e conclui dizendo que os educadores progressistas não podem desconhecer a televisão. Que ela não é nem ”um demônio que nos espreita para nos esmagar” nem “um instrumento que nos salva”. Devemos usá-la, discuti-la e ressignificar os conteúdos de programas apresentados por ela, filmes, documentários, propagandas veiculadas e, mais especificamente no caso da educação infantil, filmes desenhos animados destinados a esta faixa etária.

Madalena ressaltou sobre seu trabalho de conclusão de curso realizado em uma escola pública de Ceilândia, com o título: “Luzes, Câmera, Educação: o filme como intervenção pedagógica em sala de aula” (2002), abordando a história da fotografia, dos desenhos animados, do cinema e ponderando que o professor sempre deve assistir ao filme antes de apresentá-lo; planejar as atividades trazendo à luz as seguintes perguntas: o que os estudantes têm a dizer para o filme, sobre o filme e para além do filme, se fossem os autores do filme, que final dariam ao mesmo. Se as crianças sabem escrever, podem demonstrar por escrito, se não sabem, podem desenhar e os dois grupos podem representar por meio de teatro, entre outros.

Enfim, recomendou que uma forma mais fácil de avaliar se o filme/ desenho animado é adequado, é perguntar qual o educador que está presente naquele objeto de estudo, daí pra frente já é meio caminho andado para se realizar uma análise crítica, planejamento e avaliação que ajudem numa melhor seleção do que deve ser apresentado ou não às crianças.

Enfatizou que a Ceilândia com mais de meio milhão de habitantes não tem um cinema. Nesse sentido, relembra a pesquisadora Patrícia Rezende da Faculdade de Ceilândia – FCE/UnB (2018), revelando em levantamento feito em 2017, que o DF tem 88 salas de cinema, concentradas em 15 complexos. Porém, questiona: onde estão essas salas? Em que isso influencia no acesso e na formação de públicos para o cinema? Em que isso pode efetivar todo o potencial transformador do cinema? E, se os títulos nacionais estão sendo exibidos e valorizados?

Ao final de cada turno, teve debate e avaliação da exposição pelos professores e professoras.


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