No dia 8/05 (quarta-feira), a Vice-
presidente do Cepafre Maria Madalena Tôrres realizou uma palestra com o tema:
“As influências de Paulo Freire no uso das tecnologias na educação”, para 65
professores, sendo 30 no turno matutino e 35 no vespertino, na Escola Classe 68
do setor QNR, Ceilândia - DF, a convite da Diretora Hélia Mara Monte.
Na parte da manhã, a diretora Hélia
apresentou Madalena ao grupo de professores na Coordenação coletiva, todos se
apresentaram e logo em seguida Madalena desenvolveu o tema iniciando pelo livro
Extensão ou comunicação? (1992), do autor Paulo Freire, discorrendo sobre a
diferença de extensão e comunicação, sobre a importância do diálogo, como a
ferramenta mais importante para tratar de assuntos, como: desenhos animados,
animações, filmes, documentários e “extensão” no livro, trazendo uma ideia
equivocada da posse absoluta do conhecimento, sem que haja troca, a partir da
dialogicidade.
Lembrou o “Cineminha”, na década de
60, nas favelas, à beira de praia e em espaços alternativos, momentos em que
Paulo Freire apresentava as palavras geradoras como imagens, por meio da
tecnologia de slides, projetadas na parede e que os alfabetizandos ficavam
ansiosos por discutirem e identificarem a realidade dos problemas existenciais,
discutindo-os, para transformá-los. Nesse sentido, a formação do sujeito
crítico é fundamental, para que uma ação se configure de caráter educativo.
Na sequência, esclareceu temas da
obra “Educar com a mídia”, de Freire e Sérgio Guimarães (2011): mídias como um
agente educativo ou não; a resistência dos professores ao uso das mídias como
recursos educacionais; importância da escola e da mediação do professor no
processo de ensino/aprendizagem e das relações estabelecidas entre os
educandos, educadores e a mídia.
No tópico, “Alfabetização em
televisão”, da obra “Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos” (2000), Paulo Freire alerta para a compreensão crítica das tecnologias,
que não devem ser repudiadas, mas passadas pela avaliação ética do professor/coletivo
da escola e conclui dizendo que os educadores progressistas não podem desconhecer
a televisão. Que ela não é nem ”um demônio que nos espreita para nos esmagar” nem
“um instrumento que nos salva”. Devemos usá-la, discuti-la e ressignificar os
conteúdos de programas apresentados por ela, filmes, documentários, propagandas
veiculadas e, mais especificamente no caso da educação infantil, filmes
desenhos animados destinados a esta faixa etária.
Madalena ressaltou sobre seu
trabalho de conclusão de curso realizado em uma escola pública de Ceilândia,
com o título: “Luzes, Câmera, Educação: o filme como intervenção pedagógica em
sala de aula” (2002), abordando a história da fotografia, dos desenhos
animados, do cinema e ponderando que o professor sempre deve assistir ao filme
antes de apresentá-lo; planejar as atividades trazendo à luz as seguintes
perguntas: o que os estudantes têm a dizer para o filme, sobre o filme e para
além do filme, se fossem os autores do filme, que final dariam ao mesmo. Se as
crianças sabem escrever, podem demonstrar por escrito, se não sabem, podem
desenhar e os dois grupos podem representar por meio de teatro, entre outros.
Enfim, recomendou que uma forma mais
fácil de avaliar se o filme/ desenho animado é adequado, é perguntar qual o
educador que está presente naquele objeto de estudo, daí pra frente já é meio
caminho andado para se realizar uma análise crítica, planejamento e avaliação que
ajudem numa melhor seleção do que deve ser apresentado ou não às crianças.
Enfatizou que a Ceilândia com mais
de meio milhão de habitantes não tem um cinema. Nesse sentido, relembra a
pesquisadora Patrícia Rezende da Faculdade de Ceilândia – FCE/UnB (2018),
revelando em levantamento feito em 2017, que o DF tem 88 salas de cinema,
concentradas em 15 complexos. Porém, questiona: onde estão essas salas? Em que
isso influencia no acesso e na formação de públicos para o cinema? Em que isso
pode efetivar todo o potencial transformador do cinema? E, se os títulos
nacionais estão sendo exibidos e valorizados?
Ao final de cada turno, teve debate
e avaliação da exposição pelos professores e professoras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário