quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Poesia em homenagem ao dia da Consciência Negra - (20/11/2014)

Meu brado!
Fui trazido acorrentado, nos porões de navios negreiros 
Trabalhei duro nos canaviais, perdi minha integridade
No trabalho escravo, ainda enfrentava os “chicoteiros”
Para não ser dizimado, me mantinha na neutralidade
No terreiro da senzala, da tristeza brotava a alegria
Das batidas do tambor, resultavam a capoeira e o louvor
Para rememorar a saudade, por traz da alegoria
E nossas mulheres sofridas faziam do canto um clamor
Eles não entendiam que o negro representava a noite,
E da sua escuridão possibilitava observar a constelação
Se os brancos entendessem que eles poderiam ser o dia
Dia e noite é parte da rotação da terrestre, que forma conexão.
Hoje, muitos somos assumidos afrodescendentes.
E por reparação criaram as cotas e outros direitos
Mas, a mídia perversa é bastante inconsequente.
Para diminuir nossas conquistas reforçam os preconceitos
Num discurso velado, pregam que somos iguais
Contudo, seja negro por um dia, faça essa experiência
Basta uma entrevista de emprego, que nos percebem desiguais
Assim, o 20 de novembro deve reafirmar um brado de consciência
(Madalena Torres)


Um comentário:

  1. "Das batidas do tambor, resultavam a capoeira e o louvor." Gostei desse verso. Linda poesia, esses versos me fizeram refletir momentos em que tentaram retirar minha negritude como se fosse algo ruim. O que o povo negro precisa é de unidade e voz, voz como essa sua Madalena Torres, não se te parabenizo ou agradeço pela sua criação.

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